
Começou outubro, e começaram também as decorações de Halloween pela cidade. Embora no Brasil não seja tradição comemorar essa data, vemos, cada vez mais, estabelecimentos colocando referências na decoração e promovendo eventos.
Bom, não comemoramos e não gostamos dessa festa, então sempre falei para os meninos que essa era uma festa que não agradava a Deus, de monstros e coisas do mal. Matheus sempre foi mais categórico e nunca gostou. Melissa, esse ano mais curiosa, ficou me perguntando o porquê de não gostarmos, e tentava sempre me convencer de que não era tão assustador, que era uma festa de doces, que era divertido.
Tive que fazer um trabalho mais intensivo, então. Mostrei para eles um vídeo com música e desenhos que explica, de um ponto de vista cristão, e para crianças, “porque não acho legal o Halloween”. Resumindo, ele fala que somos Filhos da Luz, e devemos nos afastar de tudo o que é do mal e da morte. Que devemos escolher a vida, espalhar somente amor para as pessoas.
Eles amaram! Pediram para repetir muitas e muitas vezes! E surtiu efeito! Sempre que víamos uma decoração, tanto Matheus quanto Melissa falavam: “mamãe, Halloween!! Que feio! Deus não gosta disso!” E eu reforçava, na frente de quem fosse, garçom, vendedor, professor, “é filho! Deus não gosta!”
Além disso eles começaram a perguntar para as pessoas que encontravam: “Você gosta do Halloween?” E se a resposta fosse positiva, eles diziam: “Eu não gosto, eu odeio! Porque Deus não gosta!” Às vezes as pessoas riam, as vezes nem tanto!
Duas situações foram marcantes.
Um dia no Taekwondo, Melissa perguntou para o professor depois da aula: “Sr. Cazunin, você gosta do Halloween?” Ele respondeu que sim! Os dois fizeram uma cara feia e responderam que Deus não gostava! Melissa disse que queria que eles tirassem toda a decoração, que era muito feia. Ele respondeu: “e se eu não tirar?” De pronto, Matheus falou num tom bem pacífico: “Então, vocês todos vão para o inferno!”. Todos ficaram chocados! Alunos, professores, mães! Olharam com olhos arregalados para eles e para mim, claro! E eu, não ia recriminar ele por falar uma verdade. Eu disse: “Filho, nós não gostamos, mas tem gente que gosta. E a gente não pode obrigar as pessoas”.
Depois Matheus seguiu a conversa com um colega. O menino perguntou por que ele não gostava do Halloween. Matheus repetiu que era horrível, que Deus não gosta e ele também não. O menino ficou olhando e disse: “eu também não gosto, não estou nem aí pro Halloween!”. Matheus comemorou com um “Yeah” e um hi-5!
A outra situação foi na escola de inglês. Desde o início de outubro, tudo foi decorado de Halloween e eu decidi que não levaria na aula nesse mês, para evitar o desgaste. Voltamos para a aula no início de novembro, mas ainda tinha decoração. Imaginei que ainda não tinham tirado, mas que não haveria mais nada de atividade relacionadas ao tema. Deixei-os lá e fui pra casa. Mas eu estava enganada. Aquele era o dia exato em que fariam uma festa! Passados 30min, me ligaram da escola.
“Boa tarde, senhora, Rafaela! Estamos te ligando para informar que hoje é a nossa festa de Halloween e faremos muitas atividades sobre o tema. Queremos saber se os meninos vão poder participar.” Eu já soltei um: “Ah, não! Sério?! Mas já é novembro!” E perguntei se eles tinham falado alguma coisa. Ela disse que o Matheus estava incomodado e pediu para ligar.
Fui imediatamente buscar os dois. Chegando lá, perguntei ao Matheus o que tinha acontecido. Ele me narrou: “Mamãe, era a festa de Halloween! Eu disse para a Miss Dani que eu não gostava, que Deus não gostava! Pedi para ela colocar no YouTube para todo mundo o vídeo da música “Porque não acho legal o Halloween”. Ela colocou um pouco e disse que já tinha entendido. Aí eu escrevi uma carta para o diretor da escola e pedi para a Miss Dani entregar.” Perguntei o que tinha na carta. Ele respondeu: “aquele versículo ‘porque Deus amou o mundo de tal maneira que entregou seu filho para que todo que crê não pereça, mas tenha vida eterna” (João 3:16).
E completou: “então mamãe, eu decidi que queria ir para casa. Por que é melhor ir embora do que participar dessas coisas, né?!”
Disse: “Com certeza, filho!” (Emocionada)
Isso me fez meditar em algumas coisas:
Plantamos muito na educação dos nossos filhos e às vezes não vemos resultados imediatos, mas não podemos desanimar! Se estivermos plantando a palavra de Deus, essa não volta vazia, e certamente produzirá frutos!
Apesar da vergonha de ter todos os olhos assustados e condenadores para cima de mim, não posso jamais me envergonhar da Palavra! Não posso recriminar meus filhos de manifestarem a luz de Jesus! Meu ensino deve ser sempre coerente com minha prática. A coerência é mais poderosa do que pilhas e pilhas de ensino!
Somos a luz desse mundo! Deus nos fez para brilharmos, não para nos escondermos. E a escuridão precisa da luz! O mundo estará perdido se tirarmos toda a luz dele. Claro que crianças precisam do nosso apoio, suporte e backup constante, porque realmente esse mundo está muito escuro! Mas não subestimemos a luz que brilha dentro deles! As crianças desse mundo também estão na escuridão e precisam de luz! Parte o meu coração, de verdade, ver algumas as crianças do taekwondo, do parquinho, da natação, da escola. Ver o tanto que estão perdidas, sem referências. O tanto que seus corações clamam por limites, por direção, por Deus. Nossos filhos precisam aprender a serem luz na geração deles, com a linguagem deles, para os dilemas deles.
Nossa vida, nossas decisões jamais devem ser balizadas pelo medo. Pelo medo das trevas, medo do mundo, medo do futuro. Temos esperança em Deus! Esperança na eternidade! Na presença da luz a escuridão some! De nada adianta toda a minha preocupação com minha família para salvar os meus dos perigos desse mundo se eu não os ensinar a serem fortes e corajosos para lutarem contra as trevas e resgatarem alguns.
“Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.”
Mateus 5:14-16
Na aula seguinte levei os meninos para o inglês. Graças a Deus, já não havia mais nada decorado de Halloween. Quando fui buscá-los ao final da aula a professora do Matheus estava na porta e fui falar com ela.
Eu: Oi, Miss Dani! Tudo bem?
Miss Dani: Oi, Rafaela! Menina! Eu preciso te contar!
Eu (já tensa): Me conte! O que aconteceu na aula passada?
Miss Dani: Rafaela, o seu filho é incrível!! Ele já chegou falando que não gostava do Halloween, que Deus não gostava. Pediu para colocar um vídeo pros amigos. Eu coloquei um pouco e expliquei pra ele que entendia o lado dele, mas aquela era uma escola americana e que essa era uma festa cultural e que iriamos fazer as atividades.
Eu: Realmente, Dani, nós somos cristãos, não comemoramos e não gostamos dessa festa. Falo pros meninos e eles amam esse vídeo.
Miss Dani: Rafaela, ele escreveu uma carta, disse que era pra entregar pro diretor!!
Eu: e você entregou?
Miss Dani: Claro que sim! Temos uma diretora e ela ficou impressionada! Quer conhecer o Matheus e guardou a carta! E vou te falar, desde o primeiro dia de aula, o Matheus sempre falou de Deus e de sua fé! Esse menino é fechado com Jesus, nem se preocupe!
- Rafaela Saboia
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