De volta ao jardim

Devo comer ou não devo comer? Como fazer escolhas que glorifiquem a Deus.

Comer para nutrir meu corpo ou comer para suprir minhas vontades/emoções? Quantas vezes passamos por esse dilema? Mas como podemos encontrar equilíbrio sobre essa área da nossa vida? Como alcançar a liberdade de fazer escolhas que glorifiquem a Deus, e não a nós mesmas?

Voltando ao princípio de todas as coisas… ao jardim!

Deus nos criou para trabalhar. Para cultivar e guardar o jardim.

Mesmo antes do pecado, Deus não nos criou para ficarmos apenas contemplando, ele nos criou para trabalhar. Hoje o trabalho gera sofrimento, mas não foi assim que Deus fez. O cultivar e guardar a terra, foi a missão que Deus deu ao homem e depois a Eva, que seria sua companheira e auxiliadora idônea, lá no Éden.

Hoje em dia, a maioria dos trabalhos exige de nós que passemos horas sentadas, em pé, ou em uma mesma posição. Por causa do pecado, muitas vezes o trabalho gera sofrimento físico e emocional. Não fomos feitos para passar dias, semanas, meses e anos em movimentos repetitivos. Precisamos nos movimentar. Fomos criadas com o objetivo de trabalhar, exercitar músculos, fazer força física, cultivar e guardar o jardim de Deus. Gosto de pensar em Adão e Eva antes do pecado, exercendo completa obediência e desfrutando de plena comunhão com seu Criador. Aprendendo, praticando, vivendo em total dependência de Seu Pai.

Você pode dizer: “Mas a ordem de trabalhar foi para o homem”. Sim, pela ordem da leitura bíblica, Eva ainda não havia sido criada, porém mesmo que uma mulher não exerça trabalho remunerado, ela ainda sim trabalha em casa, no cuidado com seus filhos ou no cuidado com as refeições que prepara. Não vamos nos esquecer que nem sempre tivemos comida em tanta abundância (e de formas tão práticas de preparar como hoje em dia). Gerar uma vida, carregar uma criança por 9 meses no ventre, amamentar, carregar nos braços até alguns anos de idade, suprir as necessidades dessa mesma criança, é um ministério que exige força.

O fato é que Deus nos criou para a comunhão, para sermos parte de Sua família, para juntas cuidarmos do Seu jardim. E hoje esse jardim cresceu, e cresceu tanto que cada uma de nós é responsável por um jardim. Deus nos confiou, juntamente com nossas famílias, a responsabilidade de sermos seus mordomos. Mordomos do Seu reino.

Onde está o seu jardim? O que ele depositou em suas mãos? Lembra da parábola dos talentos? (Mateus 25;14-10) O que você fará com o talento que Deus lhe confiou? Vai enterrar ou vai multiplicar?

Então, o Senhor deu uma ordem à Adão e Eva,

“... o Senhor Deus lhe ordenou: “Coma à vontade dos frutos de todas as árvores do jardim, exceto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Se você comer desse fruto, com certeza morrerá”. Gênesis 2:16-‬17‬‬

Deus foi claro em sua ordem. Comam de todas as árvores do jardim, exceto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Porém, leia com atenção ao próximo texto...

A serpente era o mais astuto de todos os animais selvagens que o Senhor Deus havia criado. Certa vez, ela perguntou à mulher: “Deus realmente disse que vocês não devem comer do fruto de nenhuma das árvores do jardim?”. “Podemos comer do fruto das árvores do jardim”, respondeu a mulher. “É só do fruto da árvore que está no meio do jardim que não podemos comer. Deus disse: Não comam e nem sequer toquem no fruto daquela árvore; se o fizerem, morrerão. “É claro que vocês não morrerão!”, a serpente respondeu à mulher. “Deus sabe que, no momento em que comerem do fruto, seus olhos se abrirão e, como Deus, conhecerão o bem e o mal. A mulher viu que a árvore era linda e que seu fruto parecia delicioso, e desejou a sabedoria que ele lhe daria. Assim, tomou do fruto e o comeu. Depois, deu ao marido, que estava com ela, e ele também comeu”. Gênesis 3:1-‬6

Aqui vemos que o pecado entrou no mundo, através de um alimento, mas não o fato isolado de comer em si, mas o que ele iria lhe proporcionar: sentimento de estar no controle, independência, prazer pessoal, rebeldia e incredulidade no que Deus havia dito.

Quantas vezes nós também decidimos estar no controle, proporcionando prazer pessoal através do ato de comer, ou então, de não comer, para alcançarmos o “corpo ideal”?

Quantas vezes nós negligenciamos o cuidado com nossa saúde em prol de satisfação pessoal, comendo de maneira que nossa saúde vai se enfraquecendo aos poucos, até ficarmos doentes e nem sabermos o motivo?

Devemos ter cuidado com o pecado da idolatria, pois muitas vezes idolatramos os alimentos e nem percebemos. Como cristãos, estamos acostumados a relacionar a palavra idolatria, com a adoração a imagens, mas a idolatria é quando algo ocupa um lugar indevido no nosso coração. A idolatria por alimentos não é de hoje, é um pecado que está no mundo desde sempre e podemos ver claramente quando o povo hebreu estava no deserto.

“Então o bando de estrangeiros que viajava com os israelitas começou a desejar intensamente a comida do Egito. E o povo de Israel também começou a se queixar: “Ah, se tivéssemos carne para comer! Que saudade dos peixes que comíamos de graça no Egito! Também tínhamos pepinos, melões, alhos-porós, cebolas e alhos à vontade. Mas, agora, perdemos o apetite. Não vemos outra coisa além desse maná!”. Números 11:4-‬6‬‬

Deus nunca deixou faltar o maná, mas o povo queria mais. Queriam comer com diversidade, queriam as iguarias, e esse desejo tomou seus corações e perderam de vista todo o cuidado que o Senhor estava tendo com eles, desde o momento em que foram libertos do Egito. Quantas vezes, murmuramos por causa dos nossos desejos pecaminosos?

Precisamos confessar nosso pecado de idolatria e nos arrependermos diante do Senhor.

Da mesma forma que a comida não pode ser tornar motivo de pecarmos contra o Senhor, idolatrando a sensação que comer gera em nós, também não podemos permitir que o cuidado extremo com a saúde e alimentação, se tornem um ídolo e roubem a simplicidade e a pureza devias a Cristo.

“Mas receio que assim como a serpente enganou a Eva com a sua astucia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo.” 2 Coríntios 11:3

Nós como discípulas de Cristo, vivemos em comunidade, congregamos com a Igreja e vivemos em família, por isso precisamos encontrar equilíbrio para o ato de comer, para não perdermos a essência e o propósito de todas as coisas, Cristo, assim como vemos em Atos 2:46:

“Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração”.

Voltando-se para o jardim

Voltar ao jardim, é muito mais do que praticar atividade física. Voltar ao jardim é voltar a terra.

Qual a sua relação com a terra em que vive? No princípio de todas as coisas, o Senhor colocou um homem e uma mulher em um jardim para cultivar e guardar a Sua criação. Antes do pecado, já havia uma missão para aquele casal: cultivar e guardar, mas principalmente, ter comunhão com o seu criador. Todos os dias, na viração do dia. Intimidade. Relacionamento. Constância. Amizade. Paternidade. Você não está sozinha neste caminho de volta para a sua essência. O Senhor a guiará.

Hoje em dia nem todas temos acesso ao contato com a natureza, mas já existem estudos que mostram como ela auxilia na regulação de hormônios relacionados ao estresse. Fomos criadas do barro. Precisamos voltar ao jardim. Precisamos preparar mais alimentos e comprar menos congelados e processados. Precisamos começar a ler rótulos e questionar o que está escrito nas embalagens.

A revolução industrial surgiu como algo inovador, para facilitar a vida das pessoas, trazer a modernidade e agilidade dos processos, porém fazendo com que a população recorresse à produtos que tenham um menor preço e que, muitas vezes, prejudicam à saúde, mas Deus não nos criou para nos alimentarmos com coisas artificiais e processadas.

Se nascemos de novo, tudo é espiritual em nossas vidas. Somos templo do Espírito Santo. Se estamos tentando suprir nossas necessidades e frustrações nos alimentos, e não em Deus, precisamos voltar para o Caminho.

O caminho para o arrependimento

Identificando o pecado:

Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam. Gálatas 5:19-‬21

Confessando o pecado:

Mas, se confessamos nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar nossos pecados e nos purificar de toda injustiça. Se afirmamos que não pecamos, chamamos Deus de mentiroso e mostramos que não há em nós lugar para sua palavra. 1João 1:9-‬10

Crendo no Senhorio de Cristo:

Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar. 1Coríntios 10:13

Cuidando do templo:

Ou não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo. 1 Coríntios 6:19-20

Apresentando o corpo como sacrifício:

Portanto, irmãos, suplico-lhes que entreguem seu corpo a Deus, por causa de tudo que ele fez por vocês. Que seja um sacrifício vivo e santo, do tipo que Deus considera agradável. Essa é a verdadeira forma de adorá-lo. Não imitem o comportamento e os costumes deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma mudança em seu modo de pensar, a fim de que experimentem a boa, agradável e perfeita vontade de Deus para vocês. Romanos 12:1-‬2

Comendo para a glória de Deus:

Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus. 1Coríntios 10:31

Enchendo-se dos frutos do Espírito:

Mas o Espírito produz este fruto: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Não há lei contra essas coisas! Aqueles que pertencem a Cristo Jesus crucificaram as paixões e os desejos de sua natureza humana. Uma vez que vivemos pelo Espírito, sigamos a direção do Espírito em todas as áreas de nossa vida. Gálatas 5:22-‬25

Encerro com as palavras de Maria Cecília Alfano, autora do livreto Comer ou não comer?! Liberdade para fazer escolhas no temor a Deus.

“Deus se importa com o que você come ou deixa de comer? Sim! Ele se importa. Deus ordena que você seja magra? Não, Ele não ordena isso. Ele quer algo mais profundo do que uma mudança exterior. Deus quer o seu coração. E como fruto de um coração entregue a Ele, os seus hábitos alimentares serão agradáveis diante de Deus. Embora não seja o alvo principal, quando você começa a obedecer a Deus em seu estilo de vida, as mudanças refletem também na sua aparência e outros podem ver que Deus é real e poderoso para transformar vidas. O seu alvo deve se alinhar ao de Deus. É um alvo que vai além de uma dieta.”

Com temor e muito amor,

Ana Paula Mankowski Bueno

Oii :)

me chamo Ana, moro em Porto Alegre – RS, e sou casada com o Diulian. Somos discípulos de Jesus e congregamos na Comunidade em Canoas. Casamos em março de 2020 e logo depois criei uma página no Instagram que se chama @vivendolar, onde passei a compartilhar um pouco das minhas vivências com Cristo no meu novo lar, agora como esposa. Esse IG tem o objetivo de edificar a vida de outras mulheres que assim como eu, desejam fazer do seu lar um lugar onde Jesus é bem-vindo, coroado e pessoas são amadas. Lá eu também compartilho um pouco da minha busca por uma alimentação mais saudável e também minhas leituras.