Meu nome é Dione, sou casada há 38 anos com o Amadeu, conhecido como Zinho por muitos. Moramos em Brasília. Quando casamos fomos morar em Uberlândia, depois em Curitiba e voltamos para Brasília em 1989.
Sou professora, Zinho engenheiro. Hoje nós dois estamos aposentados. Somos abençoados com dois filhos maravilhosos, uma nora que é mais que uma filha (uma companheira), e recentemente um neto lindo!
Sempre trabalhamos muito na área secular, mas o que nos dava mais alegria era estarmos envolvidos na igreja do Senhor, não importava onde, sempre gostamos de estar com pessoas servindo de alguma forma.
Em junho de 2003, nossa vida deu uma reviravolta, e desde então nunca mais foi a mesma. Zinho passou mal de madrugada e foi levado para o hospital, somente após 24hs veio o diagnóstico: aneurisma de aorta – Deus usou um irmão médico para descobrir, pois nos dois hospitais onde ele já havia estado não sabiam dizer o que ele tinha.
Isto já era um milagre de Deus, segundo muitos médicos, porque ele passou muito tempo sem atendimento específico. Então veio a primeira cirurgia de emergência sem sequelas. Em setembro do mesmo ano veio outro aneurisma, desta vez cerebral.
A cirurgia aconteceu em janeiro de 2004. Continuamos nossa vida, ele já pastor há um tempo, sem deixar totalmente a engenharia, além de trabalhar com desenvolvimento de sistemas na área de informática para a ONU. Numa tarde dessas no trabalho teve um AVC, que culminou com uma terceira cirurgia de emergência, um quadro bem grave, perdeu uma das carótidas (já tinha acontecido várias outras intercorrências e internações).
Nos tornamos conhecidos dos médicos, alguns foram verdadeiros anjos do Senhor, muitas pessoas da área da saúde faziam diversas perguntas sobre a nossa fé, foi um tempo muito difícil, apesar disso, quantas experiências sobrenaturais, quantos testemunhos!
Gosto bastante do versículo que fala:
… muito pode a oração de um justo. Tiago 5:16
Agradeço a Deus, que moveu muitos irmãos em Cristo, de vários lugares, família e amigos que oraram grandemente por nós. Diversas vezes me senti literalmente carregada pelo poder das orações de todos.
O processo de recuperação desta cirurgia foi muito complexo e cansativo, houve sequelas na visão, fala, memória…. Contudo meu marido estava vivo! Os médicos até hoje acham incrível o fato dele estar vivo e sem sequela motora…
Em 2006 ocorreu a quarta cirurgia para corrigir a dissecção nas vias renais desencadeada no primeiro aneurisma.
Em junho de 2018, houve a quinta cirurgia na área vascular. Com tantas emoções e provações, nossa vida não foi nada monótona nesses anos, mas nosso relacionamento, sem dúvida, amadureceu muito, nos tornamos pessoas mais resilientes.
Há alguns meses atrás me perguntaram se eu e o Zinho sempre fomos assim tão carinhosos um com o outro. Respondi que sim, desde a época em que namorávamos…, porém, nos últimos anos, eu, particularmente, aprendi a demonstrar ainda mais esse sentimento. Talvez, convivendo com a possibilidade de perdê-lo de fato desde 2003, não poder desfrutar mais da sua companhia, eu tenha até de forma inconsciente, expressado mais esse afago e atenção.

Geralmente, nas cerimônias de casamento, reafirmamos nossos votos na presença de Deus e das testemunhas e, entre tantas promessas, nos comprometemos a amar um ao outro na saúde, na doença, até que a morte nos separe.

Quando situações adversas acontecem será que estamos realmente preparados para continuar amando da mesma forma que antes? Vamos cumprir fielmente aqueles votos diante do altar que fizemos há tanto tempo?
Pois, eu digo que, se Deus esteve, e continua no centro deste relacionamento, se esse casamento foi construído e firmado na rocha que é Jesus, sim, podemos aprender a amar mais ainda e conseguiremos prosseguir em frente.

Posso viver o que está escrito em: 1 Co 13:7, “o amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”, porque a minha fé está no Senhor, não mais na minha força ou capacidade de amar, mas no Deus que me sustenta e conduz.
Continuamos juntos, carinhosos, companheiros, amigos, cúmplices, rindo muito um com o outro (aliás o bom humor faz muito bem para qualquer casal), acreditando sempre nos cuidados de Deus em nossas vidas.
Já tivemos muitas perdas pessoais. Zinho perdeu conhecimento intelectual e memória, mas ganhou mais da presença e graça do Senhor, perdeu muito da interação com as pessoas (uma das suas maiores características), porém ficou mais sensível ao sofrimento das pessoas e nunca deixou de ser atencioso com aqueles que realmente querem estar com ele.
Ele também perdeu sua disposição física, mas não deixou de ser carinhoso e atencioso comigo, sempre disposto a ajudar e extremamente disponível para os filhos (e agora para o neto).
Perdeu no campo visual, mas com muita superação continua fazendo lindos trabalhos artesanais. Eu perdi muitas e muitas noites de sono em hospitais e em casa, mas aprendi a depender mais de Deus e crescer na fé. Perdi algumas oportunidades profissionais, porém aprendi a valorizar mais minha casa e minha família.
Deixei de fazer muitas programações e encontros com pessoas queridas, mas entendi que ninguém é insubstituível e que vínculos de amizade sincera não se acabam pelo contrário se fortalecem com o tempo e diante das dificuldades.
E lá se vão 39 anos de casados (completamos este ano). Por vezes, achei que não passaríamos dos 25 anos.
Que venha ainda muito amor, carinho, paciência, risadas e que nunca nos falte da graça e do amor de Deus em nossas vidas.
Deixo para sua reflexão um versículo que me acompanha e que gosto bastante:
Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração. Romanos 12:12
Minha linda família 💚
Grande abraço!
Dione Freire
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