Recentemente, uma amiga muito querida me levou a refletir sobre o céu. Percebi que tinha tempo que não pensava sobre isso. E, ao pensar, fui tomada por uma esperança muito grande. Na mesma semana, uma outra irmã compartilhou um texto sobre a mesma temática: a eternidade. Não sei se você percebeu, mas Jesus claramente estava me levando a refletir sobre isso. Nesse texto, pretendo compartilhar um pouco do resultado dessas minhas reflexões.
“…colocou no coração do homem o desejo profundo pela eternidade…” Eclesiastes 3:11
Ao observar a história da humanidade, fica claro que sempre buscamos algo a mais. Queremos explicações mais profundas do que as que conseguimos elaborar. Ansiamos por descobrir o que acontece após a morte. Esse trecho de Eclesiastes sempre me encantou muito: Deus colocou no coração do homem o desejo profundo pela eternidade. Ou seja, não adianta negar, qualquer pessoa tem em seu coração um desejo pela eternidade.
Contudo, mesmo o ser humano ansiando pela eternidade no seu interior, a correria da vida faz com que esse desejo seja reprimido. Temos deveres, obrigações, preocupações e, sem nem percebermos, perdemos a perspectiva da eternidade.
“E o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo, e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera.”Mateus 13:22
Não são apenas pecados horríveis e atitudes ilícitas que tornam a palavra infrutífera. Jesus fala que os cuidados deste mundo sufocam a palavra! Quão forte é isso? Vivemos no mundo e nossa vida moderna, naturalmente, demanda muito. Não podemos ignorar essa realidade, mas, ao mesmo tempo, esses mesmos cuidados necessários, quando não dosados, sufocam a palavra. E agora pergunto por que paramos de pensar na eternidade? Creio que resposta seja clara: estamos passando muito tempo pensando na nossa vida terrena.
E todo esse tempo gasto pensando na nossa vida, nos afasta do que fomos criados para pensar. Deus colocou a eternidade nos nossos corações. E não adianta falsificar, nosso habitat não é esse que habitamos agora! Nós somos estrangeiros. Não somos criados para uma vida terrena.
“Ora, se a nossa esperança em Cristo se restringe apenas a esta vida, somos os mais miseráveis de todos os seres humanos.” 1 Coríntios 15:19
A falta dessa perspectiva da eternidade nos afeta de diversas formas. Se a minha esperança se limita a essa terra, que sentido faz? De que adianta ao homem ganhar o mundo e no fim perder a alma? Esse período que estamos vivendo é temporário, mas fomos criados para algo ETERNO.
O aspecto que mais me intriga em relação ao céu é, pela primeira vez, poder experimentar o que é a vida sem a presença do pecado. Seremos, finalmente, o que somos criados para ser. Arrepio ao escrever isso. Quão grandioso será. Descobriremos o que os anjos veem e que os fazem cantar SANTO. Se o rosto de Moisés resplandecia com apenas um período na presença do Senhor, como será estar na presença dEle por uma eternidade?
“Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido.” 1 Coríntios 13:12
Eu e você não conseguimos ter dimensão disso. Somos seres limitados. Tomemos como exemplo as cores. A porcentagem do espectro de luz que o olho humano consegue ver é mínimo. Nós vemos tudo em preto e branco. Outro exemplo tenho vivenciado em Cálculo 3. O homem não consegue nem imaginar uma dimensão maior do que a terceira. Até fazemos cálculos nelas, mas representá-las é simplesmente impossível!
“Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade; mesmo assim ele não consegue compreender inteiramente o que Deus fez.” Eclesiastes 3:11
Ao pensar sobre a eternidade não conseguimos compreender o que será. Nossas limitações nos impedem. Mas não adianta, ansiamos por ela! Queremos respirar o ar de um novo lar. Um lugar sem tristeza. Onde meninas não são vendidas como escravas aos 8 anos. Onde pais não abandonam filhos. Onde não há pobre ou rico. Onde vivemos o que fomos criados para viver. E onde Jesus está à destra do Pai, reinando e sendo exaltado.
Que nos apeguemos a isso. O que são 80 anos de uma vida terrena comparados a uma eternidade com Jesus? Quando vivo com a perspectiva da eternidade, os problemas da vida diminuem. Não há motivo para ser ansioso, para não ser grato, para murmurar…
“Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.” 1 Coríntios 2:9
Tenhamos o hábito de pensar sobre como será o que olho não viu e ouvido não ouviu. E corramos a carreira que nos está proposta olhando para o autor e consumador da nossa fé, Jesus Cristo.
Por fim, compartilho um poema que aquela amiga, que me levou a refletir, me mostrou:
” Nós, os marujos cansados. Em tempestade ou brisa suave somos tentados a deixar a questão de lado. Somos inevitavelmente conduzidos a abraçar este lado da realidade que é parte, não todo. Pois o erro dos filósofos foi este mesmo: pensar que aqui é sombra e o outro lado é real. Erraram, pois, a realidade aqui é parte de outra parte, do outro lado. Partes que juntas fazem todo. O que vemos não são sombras, mas ecos, resquícios de um mundo que era, é, e se foi. O que vemos são lampejos da grande beleza embrulhada em alegria e tristeza. E assim, dentro de todo ser que vive deste lado do trovão, o anseio é real. Desejamos respirar o ar de um novo lar e avistar outras colinas, que conspirariam contra o que já vimos de todas as paisagens conhecidas. O que vemos é parte, é um eco, um lampejo do todo. Pois o todo, olho ainda não viu, ouvido ainda não ouviu e coração ainda não sentiu.”
– Os Arrais, Montreal.
por Júlia Brito
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